quarta-feira, 25 de agosto de 2010

dispenso, despenso.


Dias tristes findarão?
                “eis a questão...”

Pois sim!
Findaram eles para mim!
                E como aconteceu?
                Você saberia dizer quando aconteceu?

        Alcancei um nível elevado de autismo.
                Bem aUto mesmo ─────ꜛ

Estou aqui, e nada me atinge, me alcança
Sinto que tudo de ruim fora remota lembrança.

Sinto que minha mente está plena,
Sinto que nada mais cabe em mim.
Estou cheia,
Estufada de sorrisos,
Completamente saturada, de pura realidade.
Qualquer sopro que fuja disso eu espanto,

Eu dispenso...
Eu dispenso risos falsos e mentiras sem intenção.
Eu dispenso as falas aleatórias, e aqueles que só sabem falar delas.
Eu dispenso os relógios de pulso, que te prendem e te forçam a contemplá-los.
Eu dispenso o fazer por fazer de medonhos.
Eu dispenso sentimentos que lhe cegam, que se infiltram nos seus sonhos.
Eu dispenso o mal humor que as almas das ruas urbanas se alimentam.
Eu dispenso uma história mal contada e sem créditos finais ou fundamento.
Eu dispenso.
Dispensei.
Despensei.
Des-pensei.
In-fazer?
Não existe despensei?!
Mas eu juro que não penso mais assim!
E agora como eu vou dizer o que quero dizer?

Existe algum tipo de teste?
Como posso ter certeza que des-pensei totalmente alguma coisa?
E depois de tudo que eu dispensei e despensei...
O que me sobra pensar?

Minha cabeça está tão cheia, tão cheia...
Como um lugar socado de coisas, de tralhas.
Úteis misturadas a inúteis...
Confusas à autênticas,
Uma verdadeira bagunça.
E não tem espaço suficiente para mudá-las de lugar,
Nem um mínimo movimento |m|
Como uma pirâmide de biscoitos recheados no mercado.
Se eu tirar o errado...
Todo o resto desmorona.

São tantos os pensamentos, inclusive os dispensados, que ocupam certo espaço, e também os despensados, que nunca se vão totalmente.
Fora o pouco certo e concreto, colado por íons de medo nervoso aos incertos, inconcretos, incorretos.

Impensáveis.

Ah, mas como pensas,
O quanto penso,
Quando apenas pensamentos.

(...)
E essa falsa plenitude?
Um jogo de peças tortas.
        Certas posições causam tal.
        Certas posições não lhe permitem voltar os passos.
        Certas posições não lhe permitem se quer jogar.


E aí?
(...)
Eu fecho os olhos...
E vejo pequenos anjos caindo,
Cantando e sorrindo...
São tantos, e tão pequeninos
Aumentam a quantidade e a velocidade,
E o agudo se torna doce...
Plim...plim...plim...
Sinto a chuva,
São gotas que se jogam lá do alto...
Se atiram com toda coragem e alegria no completo nada...que lhes sustenta no ar.
E elas riem,
E todas elas estão rindo pra mim...
Parecem reconhecer-me,
Meu riso se mostra surpreso,
E vejo embaçado, a razão da simpatia das gotas por mim,
Levo a mão ao rosto, e os dedos aos olhos,
E ouço o agudo doce mais alto ficar,
São meus olhos que estão a chorar... choram gotas como o céu.
Choram anjos sorrindo,
Anjos que parecem não findar...
Não findar como o imenso azul do céu.

!

4 comentários:

Bruno Batiston disse...

Veio a calhar para quem, agora, não consegue dormir (oi), pensando e despensando coisas, escrevendo poeminhas de rascunho em vez de fazer as miiiiiil coisas que tenho que fazer...
Pensando bem, não "tenho que": dispenso.
(E faço jus ao título de "desocupado"!)

Tainá Dietrich disse...

Olááá! Pois então, eu não costumo dormir cedo... acabo atualizando o blog bem por essas horas ^^
hahahaha desocupado, hmmm é eu também, tenho textos da facul pra ler e fico adiando...
Em vez de ler, estudar...fiquei aqui despensando! nananana!
hahaha

Anônimo disse...

Taináááá, lindo o poema, ou os teus pensamentos em verso.
Quanto mais real é a escrita, mais completa e bela ela fica.
Parabéns!
Adorei.

:*

Lis disse...

Parabéns pelo texto...