quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Quem matou Aparecida?

Estudando um pouco...
Em Literatura Brasileira III,
Ferreira Gullar - Quem matou Aparecida?

*Paciência é uma virtude!* (se chegar ao fim vai entender)

História de uma favelada que ateou fogo às vestes.

Aparecida, esta moça
cuja história vou contar,
não teve glória nem fama
de que se possa falar.
Não teve nome distinto:
criança brincou na lama,
fez-se moça sem ter cama,
nasceu na Praia do Pinto,
morreu no mesmo lugar.

Praia do Pinto é favela
que fica atrás do Leblon.
O povo que mora nela
é tão pobre quanto bom:
cozinha sem ter panela,
namora sem ter janela,
tem por escola a miséria
e a paciência por dom.

No dia que a paciência
do favelado acabar,
que ele ganhar consciência
para se unir e lutar,
seu filho terá comida
e escola para estudar.
Terá água, terá roupa,
terá casa pra morar.
No dia que o favelado
resolver se libertar.

Mas a nossa Aparecida
chegou cedo por demais,
por isso perdeu a vida
que ninguém lhe dará mais.
É sua história esquecida
de poucos meses atrás,
e essa vida perdida
de uma moça sem cartaz
que está aqui pra ser lida
porque nela está contida
a lição que aprenderás.

Já bem cedo Aparecida
trabalhava pra comer:
vendia os bolos que a mãe
fazia pra ela vender;
carregava baldes d'água
para banhar e beber.
Comida pouca e água suja
que até dá raiva dizer.

Da porta de seu barraco,
de zinco e madeira velha,
olhava o mundo dos ricos
com suas casas de telha.
Os blocos de apartamento
quase tocando no céu
dos quais nem em pensamento
um deles seria seu.

Daquele chão de monturo,
via o mundo dividido:
Do lado de cá, escuro,
e do lado de lá, colorido.
À sua volta a pobreza,
a fome, a doença, a morte;
e ali adiante a riqueza
dos que tinham melhor sorte.
Nossa Aparecida achava
que tinha era dado azar
porque ela ignorava
que o mundo pode mudar.

Já conhecia a cidade
da gente limpa e bonita,
meninas de sua idade
de seda e laço de fita.
Gente que anda de carro,
vive em boate e cinema,
que nunca pisou no barro,
que não conhece problema,
que pensa que o Rio é mesmo
Copacabana e Ipanema.

Que pensa ou finge pensar.
Porque se chega à janela,
se dá um giro, vê logo
o casario da favela,
a marca mais evidente
desta sociedade ingrata,
que a terça parte do Rio
mora em barracos de lata.

E assim foi que Aparecida
se tornou uma mocinha.
Falou pra mãe que queria
ganhar uma criancinha.
Já que boneca era caro
e dinheiro ela não tinha,
ter um filho era mais fácil
dela conseguir sozinha.

"Sozinha ninguém consegue!",
disse-lhe a mãe já com medo.
"Tira isso da cabeça,
ter filho não é brinquedo.
Favelada que tem filho
acaba a vida mais cedo".

Não podia Aparecida
entender essa verdade.
Queria ter um bebê
para cuidar com bondade,
para vestir bonitinho
como os que viu na cidade.

Tanto falou no desejo
de ter uma criancinha
que um dia uma lavadeira
que era sua vizinha
prometeu falar na casa
de um tal de dr. Vinhas,
casado com dona Rosa,
que ganhara uma filhinha.

Foi assim que Aparecida
mudou-se para Ipanema.
O ordenado era pouco
mas resolvia o problema.
Deixou a Praia do Pinto
e venceu o seu dilema:
ganhou um bebê bonito
cheirando a talco e alfazema.
Quando saiu com o embrulho
(dois vestidos e um espelho
redondo, de propaganda)
a mãe lhe deu um conselho:
"Veja lá por onde anda.
Cuidado com homem velho
e português de quiranda.
Pra rico é fácil ter filho;
pra pobre, a vida desanda".

Mas Aparecida estava
entregue a sua alegria.
Só pensava na menina
de que ela cuidaria,
a boneca de verdade
que ela enfim ganharia.
E assim passou cantando
aquele primeiro dia.

Foi muito bem recebida
pela patroa e o patrão.
Ganhou um quarto pequeno
e uma cama de colchão.
Quarto escuro, colchão duro,
mas como querer melhor
quem sempre dormiu no chão?

A vida de Aparecida
corria tranquila e bela.
Ainda por cima seu Vinhas
simpatizava com ela,
indagava de sua vida
e das coisas da favela.

Um dia pegou-lhe o braço
e puxou-a para si.
Lhe disse: "Me dá um abraço,
que eu gosto muito de ti".
Largou-a ao ouvir os passos
de alguém que vinha pra ali.

Mas de noite ele voltou.
Deitou-se ao lado dela
e ela não se incomodou.
Passou a mão nos seus peitos,
e Aparecida gostou.
Deitou-se por cima dela
e suas calças tirou.
Aparecida nem lembra
o que depois se passou.
E tanto se repetiu
que ela até se habituou.

Mas lá um dia a patroa
abriu a porta e os pegou.
Já era de manhã cedo,
Vinhas quase desmaiou.
A mulher fez que não viu,
tranquilamente falou:
"Compre-me um litro de leite,
pois o leiteiro atrasou".

Aparecida saiu
sem saber o que fazer.
Quando voltou, no seu quarto
tinha coisa pra se ver:
a patroa já chamara
um guarda para a prender.
"Ela roubou estas jóias,
que nem bem soube esconder" -
disse mentindo a patroa.
Aparecida foi presa
sem nada poder dizer.

Para o SAM foi conduzida
depois de muito apanhar.
Um dia ali esquecida
começou a reparar
que em sua entranha uma vida
começara a despertar.
Quando o guarda da prisão
descobriu-lhe a gravidez,
foi dizer à Direção,
que a retirou do xadrez
para evitar complicação.
"Vá se embora, sua puta,
chega de aporrinhação".

Aparecida voltou
pro barraco da favela.
A mãe estava doente
sem saber notícia dela.
Cuidou da mãe como pôde
e conseguiu se empregar.
Trabalhou até que um dia
numa fila de feijão
perdeu as forças, caiu,
e teve o filho no chão.
Da casa onde trabalhava
logo foi mandada embora.
"Empregada que tem filho
não serve, que filho chora".

Em outras casas bateu
mas de nada adiantou.
Depois de muito vagar,
pra casa da mãe voltou.
Mas o problema da fome
assim não solucionou.
Não teve outra saída:
na prostituição entrou.

Ficava noites inteiras
rodando pelo Leblon
para apanhar rapazinhos
que sempre pagavam algum
e que não tinham o bastante
pra frequentar o bas-fond.

Até que um dia encontrou
um rapaz que gostou dela
que se chamava Simão
e morava na favela.
Decidiram viver juntos
e a vida ficou mais bela.

Bela como pode ser
a vida de um favelado
morando em cima da lama
num barraco esburacado
trabalhando noite e dia
por um mísero ordenado.

Mas Simão e Aparecida
um ao outro se ampararam.
Com as durezas da favela
de há muito se habituaram:
uniram suas duas vidas
e depressa se gostaram.

Ela lavava pra fora
e cuidava do filhinho
que, de mal alimentado,
era magro e doentinho
mas que dela merecia
todo desvelo e carinho.

Simão, que era operário,
trabalhava numa usina.
Gastava sua mocidade
numa soturna oficina
onde o serviço é pesado
e o dia nunca termina.
Mas o amor de Aparecida
viera abrandar-lhe a sina.

Simão ganhava tão pouco
que mal dava pra comer,
menos que o salário mínimo
que está na lei pra inglês ver...
Nem sempre tinha jantar
nem o que dar de beber
ao menino que chorava
sem poder adormecer.

Aparecida e Simão
deitados ali do lado
ouviam o choro do filho
fraquinho e desesperado
que já no berço sentia
o peso cruel e injusto
desse mundo desgraçado.

E eis que um dia Simão
participou de uma greve.
Veio a noite e Aparecida
dele notícia não teve.
Os companheiros disseram
que a policia o deteve.
Ela correu à polícia
mas ali nada obteve.

Voltou chorando pra casa
sem saber o que fazer.
Debruçada na janela
viu o dia amanhecer:
um dia claro mas triste
como se fosse chover.

Sentia-se desemparada
naquela casa vazia.
Por que duravam tão pouco
suas horas de alegria?
Se Simão não mais voltasse
o que é que ela faria?

Esperou que ele voltasse.
Os dias passaram em vão.
O menino já chorava
sem ter alimentação.
Ela já nem escutava
tamanha a sua aflição.

Quase imóvel, dia e noite,
ficou assim na janela
à espera de que Simão
voltasse outra vez pra ela
fazendo o seu coração
sentir que a vida era bela,
por pouco que fosse o pão,
triste que fosse a favela.

Quanto tempo se passara?
Quanto dia se apagou?
Até o menino calara,
até o vento parou.
Aparecida repara
que alguma coisa acabou.

Era uma coisa tão clara
que ela própria se assustou.
Por que calara o menino?
Que mão nova o afagou?
E sobre o corpinho inerte
chorando ela se atirou...

Chamava-se Aparecida
e chorava ali sozinha.
Mal chegara aos 15 anos
a idade que ela tinha.
Chorava o seu filho morto
e a sua vida mesquinha.
Uma criança chorando
sobre outra criancinha.

Foi assim que Aparecida
sem pensar e sem saber
derramou álcool na roupa
pra logo o fogo acender.
E feito uma tocha humana
foi pela rua a correr
gritando de dor e medo
para adiante morrer.

Acaba aqui a história
dessa moça sem cartaz
que ficaria esquecida
como todas as demais
histórias de gente humilde
que noticiam os jornais.
Pra concluir te pergunto:
Quem matou Aparecida?
Quem foi que armou seu braço
pra dar cabo da vida?
Foi ela que escolheu isso
ou a isso foi conduzida?
Se a vida a conduziu
quem conduziu sua vida?

Por que existem favelas?
Por que há ricos e pobres?
Por que uns moram na lama
e outros vivem como nobres?
Só te pergunto estas coisas
para ver se tu descobres.

Se não descobres te digo
para que possas saber:
o mundo assim dividido
não pode permanecer.
Foi esse mundo que mata
uma criança ao nascer,
que negou à Aparecida
o direito de viver.
Quem ateou fogo às vestes
dessa menina infeliz
foi esse mundo sinistro
que ela nem fez nem quis
- que deve ser destruído
pro povo viver feliz.

Ferreira Gullar
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ferreira_Gullar


*Parabéns pra quem chegou ao fim!*

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

dispenso, despenso.


Dias tristes findarão?
                “eis a questão...”

Pois sim!
Findaram eles para mim!
                E como aconteceu?
                Você saberia dizer quando aconteceu?

        Alcancei um nível elevado de autismo.
                Bem aUto mesmo ─────ꜛ

Estou aqui, e nada me atinge, me alcança
Sinto que tudo de ruim fora remota lembrança.

Sinto que minha mente está plena,
Sinto que nada mais cabe em mim.
Estou cheia,
Estufada de sorrisos,
Completamente saturada, de pura realidade.
Qualquer sopro que fuja disso eu espanto,

Eu dispenso...
Eu dispenso risos falsos e mentiras sem intenção.
Eu dispenso as falas aleatórias, e aqueles que só sabem falar delas.
Eu dispenso os relógios de pulso, que te prendem e te forçam a contemplá-los.
Eu dispenso o fazer por fazer de medonhos.
Eu dispenso sentimentos que lhe cegam, que se infiltram nos seus sonhos.
Eu dispenso o mal humor que as almas das ruas urbanas se alimentam.
Eu dispenso uma história mal contada e sem créditos finais ou fundamento.
Eu dispenso.
Dispensei.
Despensei.
Des-pensei.
In-fazer?
Não existe despensei?!
Mas eu juro que não penso mais assim!
E agora como eu vou dizer o que quero dizer?

Existe algum tipo de teste?
Como posso ter certeza que des-pensei totalmente alguma coisa?
E depois de tudo que eu dispensei e despensei...
O que me sobra pensar?

Minha cabeça está tão cheia, tão cheia...
Como um lugar socado de coisas, de tralhas.
Úteis misturadas a inúteis...
Confusas à autênticas,
Uma verdadeira bagunça.
E não tem espaço suficiente para mudá-las de lugar,
Nem um mínimo movimento |m|
Como uma pirâmide de biscoitos recheados no mercado.
Se eu tirar o errado...
Todo o resto desmorona.

São tantos os pensamentos, inclusive os dispensados, que ocupam certo espaço, e também os despensados, que nunca se vão totalmente.
Fora o pouco certo e concreto, colado por íons de medo nervoso aos incertos, inconcretos, incorretos.

Impensáveis.

Ah, mas como pensas,
O quanto penso,
Quando apenas pensamentos.

(...)
E essa falsa plenitude?
Um jogo de peças tortas.
        Certas posições causam tal.
        Certas posições não lhe permitem voltar os passos.
        Certas posições não lhe permitem se quer jogar.


E aí?
(...)
Eu fecho os olhos...
E vejo pequenos anjos caindo,
Cantando e sorrindo...
São tantos, e tão pequeninos
Aumentam a quantidade e a velocidade,
E o agudo se torna doce...
Plim...plim...plim...
Sinto a chuva,
São gotas que se jogam lá do alto...
Se atiram com toda coragem e alegria no completo nada...que lhes sustenta no ar.
E elas riem,
E todas elas estão rindo pra mim...
Parecem reconhecer-me,
Meu riso se mostra surpreso,
E vejo embaçado, a razão da simpatia das gotas por mim,
Levo a mão ao rosto, e os dedos aos olhos,
E ouço o agudo doce mais alto ficar,
São meus olhos que estão a chorar... choram gotas como o céu.
Choram anjos sorrindo,
Anjos que parecem não findar...
Não findar como o imenso azul do céu.

!

sexta-feira, 23 de julho de 2010

solaqui.



Hoje tem sol
Sinto-me confortável
Aconchegada
Aqui na minha paz serena
Serena no sol
Que me faz fechar os olhos
Mas não me deixa no preto absurdo
E sim no laranja quase avermelhado
Que me faz sentir o calor que o sol irradia para mim
E meu corpo o absorve
Dando-me sono e energia
Permitindo-me pular ou dormir...

Esse calor dissolve meus pensamentos, os deixa leves
Como plumas...que ficam flutuando no ar...
Não me deixando alcançá-los,
Sinto uma paz que me toma
O calor tem cheiro de tranquilidade
E o gosto é de alma livre
Sem bagagens ou desventuras passadas
Minha alma vaga livre pela tranqüilidade avermelhada e aconchegante do sol
O que o sol faz com sua mente.
Alucino o conto de uma utopia em segundos
Sem preocupações ou responsabilidades
Livre, leve
Voa.




Tainá Dietrich 06.07.10

sexta-feira, 11 de junho de 2010

correndo em círculos.


Correndo contra o vento
lutando contra a correnteza
tentando sair daqui
tentando cair fora
fugir desse caminho
completamente perdida
girando para todos os lados
tonta
voltei alguns passos na estrada,
mas não é por aqui também,
segui em frente,
e parece que o caminho está se fechando
CORRE PRA VOLTAR!

Desespero, pressa, lágrimas,
ventos fortes parecem tentar me torcer, me levar
tropeçando,
não aguento mais correr,
pareço estar indo pra lugar algum...

Tudo está tão longe e impossível de alcançar
minha cabeça está atormentada
não consigo pensar direito,
não consigo achar minhas certezas,
estou me afogando em dúvidas
me enterrando em incertezas
começo a me sentir mal
de novo aquela falta de ar sufocante
preciso de espaço
preciso de força
algo em que possa me segurar,
preciso de um apoio firme,
preciso de um lugar seguro dentro de mim,
e não o encontro mais,
meu corpo caiu da fortaleza que o protegia
e agora não consigo subir mais
correndo em círculos
enquanto minha mente sufoca engasgando-se com o medo atordoante,
o frio corta minhas mãos, meu rosto
embora seja dia, e eu consiga ver o chão,
 ha muita neblina me cegando 3 metros à frente
as árvores por perto parecem secas, como falecidas
altas, me convidam a subir
mas não consigo me prender ou me agarrar a elas,
escorrego e volto ao mesmo lugar,
continuo correndo em círculos,
totalmente perdida.

O tempo parece não passar, ao mesmo tempo em que o vejo voando,
me sinto caindo para cima,
o vento cortante me diz que isso é uma queda rápida
porém não chega nunca ao chão
tonta, enjoada
queda para cima, é o que eu acho
passo por tudo e todos e não consigo ver nada nítido
minha visão está embaçada e meus olhos cheios de água
deve ser o vento e a velocidade juntos,
estico os braços para tatear algo em que possa me segurar
mas não há nada
nada, nada
não consigo me agarrar em nada
só sinto o pânico tomando conta de mim
caindo ou correndo,
por mais que em desespero,
não consigo sair desse lugar.



_________________________________________
é uma beleza.

sábado, 22 de maio de 2010

Kissy Souza


“Como um brotinho de feijão foi que um dia eu nasci,
Despertei cai no chão e com as flores cresci.
E decidi que a vida logo me daria tudo
Se eu não deixasse que o medo me apagasse no escuro.

Quando mamãe olhou pra mim, ela foi e pensou
Que um nome de passarinho me encheria de amor
Mas passarinho se não bate a asa logo pia 
Eu que tinha um nome diferente já quis ser Maria
Ah, e como é bom voar...”

Passarinho – Tiê



Simplesmente porque eu vejo a Kissy nessa musica todinha!
Do início ao fim ela canta a essência da minha kika querida.
Kissy, passarinho meu, não voe para longe de mim jamais!
*brotinho de feijão com asas cheio de amor*
Também não honre sua memória de passarinho, e lembre-se sempre de mim!
Lembre que estou aqui para o que der e vier, para tudo que você precisar.
Eu gosto muito de ti, e me preocupo muito contigo, quero que saiba que sempre vou estar ao seu lado quando quiser, nos momentos bons ou ruins, te dando apoio, meu ombro e minha mão. Kissy, te dou meu coração ♥
Feliz aniversário!
Todas as maravilhas do mundo pra ti! 
(ah, desculpa eu não ter feito um texto decente :\)
Mas foi de coração cada palavra que disse! ♥

sábado, 24 de abril de 2010

estátua de pedra morta

Segurança concreta
Sentimento congelado
Sonho ilegível
Ferimento cimentado

É mais seguro ficar no espaço
Ser levada pelo vento e não senti-lo
Se esfolar enquanto tenta ir em frente
Se igualar ao nulo

Queria querer menos
Queria sentir menos
Queria chorar menos
Queria que doesse menos
Queria enxergar menos
Queria falar menos
Queria ouvir menos
Queria sonhar menos
Queria dormir mais...

Sem querer;
Sem sentir;
Sem chorar;
Sem dores;
Sem ver;
Sem falar;
Sem ouvir;
Sem sonhar;
Dormir... Sem mais despertar!

Queria sumir, queria fugir
Estou ficando louca...
Meus gritos internos não me deixam descansar
Minha mente teima em funcionar
Meu coração teima em bater,
...
Quero correr,
Sem rumo,
Mas não tenho aonde chegar,
Ah mas que saco, conte até 10
Vou ali me esconder...

*não quero que me achem u.u

quarta-feira, 21 de abril de 2010

raio de tédio
dor sem remédio
tempo parado
vento estagnado

rua que não anda
estrada que não segue
caminho que não trilha
informação que não procede

flutuando no imenso e consistente vazio
sentado sob um estado sombrio
insensível a realidade
inalcançável sanidade

ampulheta que ferve de lentidão
sobrevivência por sete dias de solidão
um assalto rouba meu ar
na tentativa frustrada de esperar
...alguém tocar, a minha mão (...)


¬¬’
Nem eu me agüento mais;
sópraregistro;)

quarta-feira, 31 de março de 2010

Memórias de um crime.

Alguém poderia, por favor, acender a luz?
Ou poderia me ajudar a tirar a venda dos meus olhos para que eu possa enxergar aonde ir? Qual o caminho que devo seguir?
Alguém pode me ajudar?

Estou perdida, perdi a bússola, o mapa, e o meu guia fugiu, não sei pra onde ele foi e não sei onde estou.
Não possuo senso de direção e meu sexto sentido com o meu guia partiu; pensei em gritar, chamar alguém, mas o eco do vento me diz que a noite caiu.
Perdida, sozinha, e desnorteada, olho em volta e não vejo nada.
O solo é de um relevo sofrido, a floresta magoada se encolhe e esconde a luz que tanto preciso
As plantas baixas se agarram às árvores para subir na tentativa de um pedaço de luz conseguir;

Um passo a frente, no escuro, tropeço no que parece ser uma pedra,
Torço meu pé e caio no que parece ser um sinistro berço.
Tateio o chão a procura da pedra e nela percebo que há algo escrito,
Contorno as letras cravadas e vejo que há algo familiar na fria placa de granito.

Como um impulso, recuo, para analisar o grande berço a me embalar,
De repente minha visão se adapta ao escuro e em volta começo a enxergar,
Noto que não estou em um berço, mas em uma cova feita para a mim guardar
E a grande pedra na qual tropecei mostra-me o caminho que agora seguirei.

Nela há o meu nome gravado, meu destino fadado
Sinto algo úmido escorrer em meu peito e atravessar meu vestido,
O cheiro é nauseante, faz meu estômago revirar
Perco em pouco tempo todo o sangue em meu coração contido.

Meu guia não fugiu e sim me esfaqueou
E com ele o meu coração levou,
De tanto procurar, finalmente um fio de luz consegui encontrar
A luz aumentou e voltei a nada enxergar

Quando meus olhos se acostumaram, ao invés de terra paredes verdes encontraram;
Pulei da cova que me envolvia, me apoiando na lápide que para mim sorria
Sentia-me cada vez mais fraca, vendo que agora além do sangue o ar também me faltava
Asfixiei por cinco longos minutos que mais pareceram horas,
Uma nuvem de ar puro devolveu-me o ar, me fazendo despertar.

Agora a você, tudo vou explicar...
Na real bem na real, essa parada é uma viagem,
Eu tava dormindo e foi tudo uma avacalhação,
A cova era minha cama, e a lápide o cansaço que nela nos derrubou
E que fez você acreditar que algum final iria ter.
Mas o sono tomou conta de nós duas, e nos impediu de continuar
Assim resolvemos, essa palhaçada terminar
Foi foda de fazer, toda essa porra rimar,
Então se não gostou vá se ferrar.

(O foda mesmo é que lutamos para não rimar tudo com “ar”, “er” e “ir”, por que diabos é tão difícil não deixar a peteca cair?)

Vsf.pqp.fdp.pnc.com.br/segostouentreemcontatosenãogostoutambém,contatonãofazmalaningém.shit

TEXTO ESCRITO POR: Tainá Dietrich e Camila Ambrosini em 29.03.10

terça-feira, 16 de março de 2010

sintomar,

Sinto-me num barco em alto mar, sem remos nem velas
Porém há vento, e forte
Mas ele sopra de todos os lados
Deixando-me sem rumo

Noite ou dia, só vejo a linha do horizonte
Para qualquer lado que olhe
Não há nada lá
Não há nada perto
Nem nada que possa alcançar

O barco é frágil
E fica cada vez mais frágil com as ventanias
Qualquer tentativa de movimento é em vão
O mar revolto não permite que eu siga uma direção
Ele me balança até ficar enjoada
Sacode o barco com força e não me permite se quer dormir

Às vezes penso em me jogar ao mar
E finalmente seguir alguma direção
Tentar de alguma forma chegar a algum lugar
Mesmo que chegue ao limite da exaustão

Deixar que o mar me leve...
Entregar-me as águas
Parar de lutar
Nem que isso me custe parar de respirar

Quero que a inconsciência me encontre
Que minha sanidade me abandone
Que minha esperança morra
Que meus sonhos desapareçam
Que meu coração pare

Que a razão me domine
Que me impeça de agir com emoção
Que meu choro cesse
Que meu corpo pare de doer
Que algo em mim pare de gritar
Que eu consiga andar

Seguir a frente
Mas que antes disso eu saiba que caminho escolher
Que eu tenha opções de escolha
Que eu pare de esperar
Principalmente que eu pare de esperar
Que eu tenha paciência
Pra poder matar cada dia um pouquinho minha esperança teimosa
Que eu tenha forças
Pra me recuperar cada dia dessas feridas

Para que finalmente meu ritmo de vida pare de soluçar.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

é big, é big!

 


" Hoje vai ser uma festa
Bolo e guaraná
Muito doce pra você
É o seu aniversário
Vamos festejar
E os amigos receber
Mil felicidades e amor no coração
Que a sua vida seja sempre doce e emoção
Bate, bate palma que é hora de cantar
Agora todos juntos vamos lá
Parabéns
Parabéns
Hoje é o seu dia

Que dia mais feliz
 Parabéns
Parabéns

Cante novamente que a gente pede bis
É big, é big
É big, é big, é big
É hora, é hora
É hora, é hora, é hora
Rá ti bum! "

Uhuull!
aêêêê!
Niver do Blog!
2 anos de muita alegria, hoho
óh céus, se torcer esse blog da pra encher um riozinho de tanta água!
hahaha
Mas hoje é um dia feliz pra ele!
Então Parabéns! \o/
Nem acredito que consegui manter (isso) o meu querido por tanto tempo!
^^
Prometo tentar não te abandonar por tanto tempo, ok?

Até mais.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

chuva de caju,

o título é com o que sonhei noite passada.
-
minha nossa quanto tempo!
*tirando teias de aranha*

muito bem, depois de tanto tempo...
aqui estou,
um texto pra lá de deprimente pra variar,
mas um texto, ^^
-

Sentada, no tapete
Mas tem pó aqui, muito pó
Toda empoeirada, e quanto mais me mecho, mais pó eu levanto
O chão é de madeira, que brilha
Quando levantei escorreguei,
Cai,
Cai,
Cai,
Continuei caindo,
Cai em algum tipo de chão desconhecido,
Nunca tinha visto esse chão,
Ao que parece me machuquei, mas não sabia o que fazer pra melhorar os hematomas
Algumas torções, arranhões,
Talvez tenha perdido algumas coisas que estavam comigo também,
Abrindo os olhos, vi o sangue
Mas era pouco, não fiz nada,
Levantei assustada, e olhei em volta,
Tinha paredes, por sinal muito sólidas,
Não sabia muito o que fazer, nem pra que lado ir, na verdade não via lado algum
O que foi muito estranho, sem lados, sem opções de escolha,
E tudo muito escuro, e úmido, tudo muito deprimente,
Algo realmente apavorante,
Mas não senti, o chão até parecia macio.

Sem o que fazer sentei, resolvi pensar
Mas as paredes eram ásperas, me arranhei mais,
E só consegui sentar no chão mesmo, mas não me importei,
Apesar de tudo, ali estava bom,
Alguns minutos e vi uma claridade, mas não vi de onde vinha,
Só ouvia risos, sorri,
Essa luz me alcançou, me tocou,
Então alguém estranho me deu a mão, segurou firme,
Senti queimar,
As duas mãos,
A luz era mais forte agora,
Então não sabia se estava descendo ou subindo,
Acabei no chão novamente,
E a luz sumiu, completamente,
Fiquei pensando o que seria, mas foi algo muito rápido,
Voltei ao escuro, úmido
Mas não parecia incomodar, e não parecia também haver saída,
Então não vi razões pra tentar sair, nem procurar a luz de novo,
Fiquei ali,
Pensando, deixando as coisas acontecerem,
E nada mais aconteceu,
Continuei no chão bom, com paredes frias
Mas não havia por que reclamar,
Nem lutar, o esforço parecia todo em vão,
Qualquer que fosse ele,
Pensei no que estava faltando ali,
Coisas que estavam comigo,
Que se perderam na queda,
Tentei lembrar o que era, mas estava difícil
Olhei em volta, mas não sabia exatamente o quê procurar,
Tinha algumas coisas soltas, restos,
Coisas quebradas, nada que parecesse haver conserto,
Me esforcei em lembrar o que poderia ser aqueles pedaços,
Nada,
Vaga lembrança,
Mas no fundo, também não parecia importar,
Não parecia fazer diferença,
Acho que não ia precisar de mais nada daquilo,
Tanto faz,
Pensei em juntar aquelas coisas dali,
Pra que não tivesse que ficar olhando pra elas,
Coisas jogadas me incomodam,
Mas era tão bom ficar apenas sentada,
Sem fazer força alguma,
Tentei erguer a cabeça um pouco mais para frente,
Mas minhas torções doíam como facas,
Como verdadeiras facas nas costas,
A dor me fez encolher,
Imaginei se de repente seria mesmo possível que tivessem facas ali,
Mas joguei o pensamento fora, parecia tolo

Bom, dessa forma continuei como estava
Sentada, olhando em volta
Tudo muito estranho, e até feio
Sem cor, nem som,
Nem ao menos uma brisa,
Como se ali não houvesse tempo, e assim o vento não corria,
Mesmo porque não parecia ter pra onde correr, mesmo o vento
Respirei fundo, fechando os olhos,
Pensei se fazia tempo que havia caído ali,
Se alguém me acharia, se é que alguém tinha me ouvido cair,
Não consegui mensurar o tempo,
Imaginei se teria fome, ou sede,
Se seria perigoso, de repente ficar ali,
Mas respirei novamente, e analisando não parecia ter fome, nem sede
E também não via perigo ali,
De paredes você pode dar conta,
Já quando me lembrei do pó, e do chão encerado, que brilhava, mas que escorregava me senti mais segura ali,
Apesar de úmido,
Não gosto de umidade, mas era bom
Encostei o ombro na parede, devagar
Relaxei o corpo por alguns segundos,
Mas senti uma pontada nas costas,
Voltei ficar tensa,
E senti um embrulho no estômago,
Um enjôo, tontura,
Senti que suava frio,
Pensei que desmaiaria,
E pensei que seria bom,
Fechei os olhos,
Fiquei forçando a respiração
Quando percebi estava ofegante,
Com falta de ar,
Coloquei a mão sobre o rosto e estava quente,
Pensei que seria uma febre,
Talvez algum tipo de infecção idiota das facas
Então senti o rosto molhado,
Como reflexo usei as duas mãos, analisando meu rosto
Vi que era água,
Realmente muita água,
Caindo dos meus olhos com muita força,
Senti minha cabeça pesada, e abaixei próxima ao chão,
Senti ao por a mão no chão que estava mais úmido que o normal,
Era mais água, muita água, a água estava tomando conta do lugar,
Inundando, sem que eu percebesse
Olhei novamente em volta, vi que ela não corria,
Fechei e pressionei os olhos, na esperança de que parassem de cair,
Mas de nada adiantava,
Ouvi um barulho como um grunhido, um lamento, muito alto,
Como um choro contínuo, e senti muita dor ouvindo isso,
A água subia e apenas subia, eu me ergui
Com muita dor nas torções, mas a água me ajudou,
Fiquei leve,
Estava boiando,
Continuavam escorrendo lágrimas de mim, elas caiam com muita pressa
Quando olhei pra cima, com dificuldade vi que havia apenas um caminho,
O alto.
Lá em cima.
Vi que era o único caminho que poderia seguir,
Mas não conseguia parar aquele barulho, o choro dolorido
Estava machucando, realmente me doía muito,
Não sabia o que fazer,
Nadei, mas só tinha forças pra boiar,
Resolvi deixar que a água subisse,
Que tomasse conta, que me tomasse,
Quando percebi, a água estava me levando pra cima,
Para o alto daquele lugar,
Eu não reconhecia nada,
Tudo continuava estranho, e a subida me deixava apreensiva
Não sabia o que esperar, o que haveria lá em cima,
Se seria a saída, ou seria apenas uma descida disfarçada de subida,
Deixei que me levasse, fechando os olhos...
E surpresa notei que agora eles fechavam,
Senti que o movimento parou,
Todo aquele medo sumiu, todo aquele pânico tinha se ido,
Parecia ter terminado,
Senti um alívio incrível,
Toda minha dor tinha desaparecido
Relaxei ansiosa, e nada me incomodou
Nem uma dor, nem um barulho, nem uma cor, nem um cheiro,
Nada, nem um sentido
Completamente neutra,
Como um 0
Sem nenhum sentimento, nada restante,
Nem ao menos o meu coração batendo eu sentia,
Mas parecia bom,
E seguro,
Pensei o que seria aquilo tudo,
E não achei respostas,
Fiquei com o nada,
Fiquei no vazio,
Completamente só,

Às vezes o sol se aproxima,
E sinto queimar,
Mas isso logo passa.
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